segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Cidadania Digital

Por José Carlos Antônio
Lembro-me como se fosse hoje do dia em que vi, há décadas atrás, uma senhora se queixando, durante uma reportagem sobre os habitantes de uma favela, que o que mais lhe afligia em morar lá era não ter endereço para fornecer quando tinha que preencher algum cadastro ou ficha de informações pessoais. Quando lhe perguntavam o nome da rua e o número de sua casa, tudo o que ela podia dizer é que morava na favela “Tal”.
A exclusão social, que nada mais é do que a negação da cidadania do indivíduo, ainda é uma dura realidade por todo o país e o número de favelas não têm diminuído de lá para cá. Além disso, não bastasse a exclusão social e econômica, com a modernidade novas formas de exclusão foram surgindo e, dentre elas, uma sobre a qual quero falar agora: a exclusão digital.
Hoje em dia não possuir um e-mail é muito parecido com não possuir um endereço físico real. O e-mail é solicitado em praticamente toda ficha cadastral que preenchemos e embora ainda não seja um documento obrigatório, em breve ele o será tanto quanto a comprovação de endereço que nos é solicitada em muitas oportunidades. No mundo todo são enviados 40 bilhões de e-mails por dia! Só no Brasil esse número atinge a cifra de 1,5 bilhão.
No universo da Educação convivemos quase diariamente com exemplos de exclusão social e é fácil perceber também a exclusão digital. Temos milhares de alunos que não têm acesso à Internet e aos computadores e que, assim como a senhora mencionada no exemplo acima, não possuem um endereço eletrônico no mundo digital, não possuem um e-mail. Mas, pior ainda do que isso é ver que encontramos também um número proporcionalmente semelhante de professores excluídos digitalmente, que não possuem um e-mail e não utilizam computadores, ainda que os tenham disponíveis!
Embora seja uma triste verdade a existência em muitos lugares do Brasil de comunidades inteiras onde simplesmente não existem computadores, é mais triste ainda ver escolas em outros locais que possuem salas de informática e computadores e que ainda têm alunos, e principalmente professores, excluídos digitalmente. A exclusão digital dos alunos, nesses casos, se dá por simples omissão da escola e, no caso dos professores, por omissão consciente deles próprios.

Eletronic mail (e-mail), o correio eletrônico
Possuir um endereço de e-mail e poder utilizá-lo não representa “modernidade” ou “sofisticação”, mas indica inclusão digital e a possibilidade de ser um cidadão do mundo. No universo da escola, possuindo um endereço eletrônico você receberá dezenas de mensagens inúteis diariamente, os famigerados “spams”, e não terá nenhuma premiação extra, ou aumento de salário, por causa disso, mas poderá enviar e receber recados, tarefas e mesmo materiais ilustrados para seus alunos e colegas. Possuir um e-mail é um direito a que todos os alunos e professores devem usufruir e, no caso dos professores, um dever para com a cidadania própria e a de seus educandos.
Há dezenas de provedores de serviço de e-mail gratuito. Para ter seu próprio e-mail basta ter como acessar a Internet por meio de qualquer computador. Uma vez que você tenha um endereço eletrônico você poderá acessar o seu e-mail em qualquer local do mundo e a qualquer hora. Diferentemente do correio, que às vezes demora dias para lhe entregar uma carta, o e-mail é entregue em segundos ao seu destinatário. Ao contrário das cartas, que requerem selos e são pagas, os e-mails são gratuitos, ecológicos (não utilizam papel ou tintas) e muito mais práticos.
Enfim, se você tem a possibilidade de acessar a Internet de algum local e, preferencialmente de sua própria casa ou escola, tenha um e-mail, use-o e seja um cidadão digital responsável

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